
A Peixeira e o Ditador
Publicado Por
BORGES CARREIRA
Idioma
Português
António Ferro
Quando, já em 1944, é possível adivinhar que a Alemanha e seus aliados vão perder a guerra, Salazar vê-se obrigado a repensar a difícil neutralidade de Portugal. De facto, o País não foi invadido por uma conjunção de factores a que ele é alheio.
Canaris convenceu Franco de que a Espanha não tinha nada a ganhar ao entrar para as potências do Eixo, porque a Alemanha iria perder. E ensinou-lhe um truque fácil para opor-se às pretensões de Hitler. Exigir-lhe o que ele não podia dar – a cedência do Marrocos francês e elevadas quantidades de aço, combustíveis, cereais e armas.
Por outro lado, no momento em que as tropas alemãs atravessassem os Pirinéus, a Inglaterra ocuparia os arquipélagos atlânticos, para dispor de bases no caso da previsível queda de Gibraltar.
E, acima de tudo, o empenhamento das tropas alemãs na invasão da União Soviética não lhes permitia desviar forças para a invasão da Península Ibérica.
Todavia, com o previsível triunfo dos Aliados, o ditador Salazar, sempre atento aos sinais que vinham de fora, interpretou-os erradamente no sentido de que o Ocidente iria exigir a democratização do País e que para o efeito teria de sujeitar-se a eleições tão livres como na livre Inglaterra.
E então, a conselho de António Ferro, começa a cuidar da sua imagem e procura humaniza-la, para que o povo. não deixando de o temer, comece a gostar dele como pessoa.
Para o efeito, toma como amante uma varina casada e procura que essa relação proibida seja divulgada por todos os meios.
Só posteriormente se apercebe que o Ocidente o que necessita na Península é de regimes autoritários, ferozmente anticomunistas, porque a última coisa que os Estados Unidos e a Grã-Bretanha desejam seria regimes marxistas instalados no extremo ocidental da Europa.
Tudo era preferível a um tal cenário.
É o que leva ao fim da relação entre a Peixeira e o Ditador.
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